Sempre gostei de festas! Acho que já gostava delas desde a época em que eu não sabia que aquela bagunça toda se chamava festa. Não tenho certeza, mas acho que fui um bebê festeiro. Daí eu comecei a entender que comemorávamos aniversário, sempre adorei ver um monte de gente cantando parabéns para mim. E sempre tinha um monte de gente cantando parabéns, mesmo que fosse só um “bolinho”, como minha mãe costumava dizer. Também adorava as festas dos meus amiguinhos, sempre tão bonitas, cheias de bolas penduradas em linha de costurar roupa, toalha de plástico com desenhos do tema da festa, aqueles enfeites que eram feitos para pendurar na garrafa de coca cola – e a coca cola tinha que enfeitar a mesa, era chique ter uma garrafa de coca ao lado do bolo – docinhos espalhados na mesa, balas de coco ou “Juquinha” enroladas em papel de seda da cor do tema da festa, “Feliz aniversário” recortado em papel colorido e colado na cartolina que servia de painel, bolo com o nome do aniversariante escrito e velas cor de rosa para as meninas e azul para os meninos. Fui crescendo e descobri que gostava de crianças, e que gostava de ajudar a arrumar as festas dessas crianças. Nessa época as coisas já eram mais modernas, a toalha de papel crepon estava no auge, podia ser simples, com duas ou até três camadas bem franzidas, quanto mais franzida, mais bonita ficava nossa obra de arte. E se você pensa que esse trabalho todo era imediatamente descartável, enganou-se! Essa mesma toalha era usada em aniversários de outros amigos ou primos, até que ela se desmantelava. E para combinar com a luxuosa toalha de crepon: painel de isopor, geralmente feito de três placas que eram coladas com fita dupla face na parede, as bolas continuavam penduradas em linhas de costura e a festa tinha cheiro de cachorro quente, torta salgada e cajuzinho. Acho que era cheiro de felicidade. Muitas festas aconteceram, até que de repente me vi no mundo adulto que dizia que eu tinha eu trabalhar, e quem adivinhar o que eu fui fazer, vai ganhar um brigadeiro! :P Pois é, fui trabalhar com aquilo que sempre me encantou: as festas. Fui autodidata em algumas coisas, em outras tive que aprender nos cursos mesmo. Logo em seguida, trabalhei para uma pilantra que me explorava. Eu trabalhava muito e ela não gostava de me pagar, até que um dia, depois de ter aprendido muita coisa (porque ela era pilantra, mas era a melhor decoradora de Campo Grande) resolvi abandoná-la, pegar todas as minhas economias (isso se resumia a uma poupança que minha tia deixou pra mim e que eu só pude mexer com 21 anos) e investir nas peças mais bonitas que existiam, eram peças de papel maché. Mandei fazer os painéis em lona mais lindos que existiam e fiz minha primeira festa. Era das princesas, e foi feita para o aniversário da minha afilhada. Acho que toda menina quer ser uma princesa, e acho que até eu queria ter uma festa de princesa. Pronto! Eu era uma decoradora de festas infantis.
Bem, as primeiras festas acabaram saindo, eu demorava muito tempo para montá-las, mas acabavam ficando bem bonitas. Com o passar do tempo, fui aprendendo a fazer as coisas com mais rapidez, às vezes montávamos até quatro festas por dia, as bolas já eram usadas para fazer arcos e até esculturas, as festas ficavam impecáveis, encantadoras. Até que a vida foi chacoalhada e decidi que não iria mais fazer festas. Queria um tempo para mim, queria ter finais de semana, coisa que eu desconhecia quando trabalhava com festas, queria sair com os meus amigos e resolvi que nunca mais iria trabalhar com festas.
Algum tempo passou, a grana encurtou e quando já não sabia mais o que fazer, apareceu uma oportunidade de trabalhar em uma casa de festas, e apesar de não saber muito sobre aniversários de 15 anos e festas de casamento, aceitei. Lá eu trabalhava como secretária, mas nesse ramo de festas é preciso saber um pouco de tudo, então também atuava na produção. Acompanhava o cliente desde a primeira visita até a hora em que a festa acabava. O lugar é lindo, super luxuoso e feito para quem pode arcar com as despesas de um sonho. Conheci pessoas maravilhosas, fiz amigos com quem eu tenho contato até hoje, desde aqueles que trabalhavam comigo até alguns clientes que fizeram festa por lá. Aprendi a organizar festas para pessoas exigentes, lidei com imprevistos, com atrasos, com cansaço, com esgotamento físico e mental. Foi aí que decidi parar de vez com as festas, mas acho que me perdi também, porque hoje trabalho para me manter, mas não existe outra coisa que eu saiba fazer tão bem, e que me dê tanto prazer quanto uma festa.